quarta-feira, 15 de junho de 2011

O que é Terapia Ocupacional - Mariana Fulfaro

"No mundo, a Terapia Ocupacional nasceu na Primeira Guerra Mundial. No Brasil, o primeiro curso foi criado na Faculdade de Medicina da USP, há mais ou menos 50 anos.
Aprendi a dizer que o terapeuta ocupacional é o médico das atividades. Nós reabilitamos as pessoas para as atividades que elas deixaram de fazer devido a algum problema. Esse “problema” pode vir de diversos motivos, como físicos (derrame, amputação, tetraplegia), psiquiátricos (esquizofrenia, depressão), mentais (Síndrome de Down, autismo), geriátricos (Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson) e sociais (ex-presidiários, moradores de rua).
Nós avaliamos quais atividades do cotidiano a pessoa não está conseguindo fazer e o porquê disso. Depois a reabilitamos para essa atividade, para que ela possa voltar a fazê-la proporcionando assim melhor qualidade de vida a essa pessoa.
Um exemplo do trabalho do terapeuta ocupacional é com pessoas que sofreram um acidente e ficaram paraplégicas. Num caso desses é o terapeuta ocupacional quem prescreve e faz as adaptações da cadeira de rodas – toda cadeira de rodas tem medidas individuais, pois caso contrário pode machucar o corpo -, quem ensina a pessoa a usá-la e quem faz o fortalecimento dos braços.
Além disso, fazemos a organização e as adaptações do domicílio para facilitar o trânsito dessa pessoa, e as medidas preventivas para impedir o aparecimento de deformidades nos braços fazendo exercícios e confeccionando órteses (aparelhos confeccionados sob medida para posicionar partes do corpo).
Tudo isso é feito para que essa pessoa possa retomar suas atividades e voltar a viver em sociedade, indo à escola, trabalhando, namorando, fazendo compras e fazendo sua higiene sozinha.
(...)

A maioria das pessoas associa minha profissão à ocupação, e tem um pouco a ver, sim. A Terapia Ocupacional sempre trabalha com atividades, somos profissionais especializados em analisá-las e indicá-las, por isso a associação. Porém, o nome da profissão é ingrato, passa a idéia de terapia por qualquer tipo de ocupação, exatamente o que a frase “mente vazia, oficina do diabo” tenta transmitir.
Quando indicamos uma atividade não queremos que a pessoa passe o tempo. Para isso, não é preciso ter ensino superior, fazer especializações e ter um Conselho Federal para regulamentar a profissão. O profissional que ajuda as pessoas a passar o tempo é o recreacionista.
O objetivo da atividade escolhida pelo terapeuta ocupacional serve para reabilitar. Sempre que escolhemos uma atividade levamos em conta várias características singulares do nosso paciente, como idade, preferências, experiências e profissão.
Na semana passada, joguei dominó com uma paciente. Se uma pessoa que não conhece a profissão vê essa cena, logo pensa que estou apenas brincando com ela, como qualquer outra pessoa faria.
Contudo, essa paciente tinha 96 anos, estava internada havia três semanas no hospital devido a uma infecção e tinha demência. Ao jogar com ela, meus objetivos eram estimulá-la cognitivamente – já que longos períodos de internação contribuem para o quadro de confusão mental no idoso – e tentar frear o progresso da demência. O dominó também ajudava a movimentar seus dedos, fortalecendo-os. Assim, quando voltasse para casa, sua mão estaria em perfeito funcionamento e ela poderia comer sozinha.
Com esse exemplo fica fácil entender como um atendimento de Terapia Ocupacional pode ser confundido com recreação."

Essas falas foram retiradas de uma entrevista que Mariana Fulfaro deu à Katherine Kardos, aluna do Colégio Stockler. A entrevista na íntegra pode ser vista no blog da terapeuta ocupacional http://marianaterapeutaocupacional.com/o-que-e-terapia-ocupacional/

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