(Por Mariana Fulfaro, http://www.marianaterapeutaocupacional.com/tag/blog/ )
Entrevista para o curso de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina do ABC.
Há quanto tempo está formada?
Há 1 ano e meio, mas durante a graduação realizei muitas atividades extracurriculares.
Fez especializações? Quais?
Sim, em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia, no Hospital do Servidor Público Estadual “Francisco Morato de Oliveira”.
Como foi o seu primeiro contato com a Saúde Mental?
Foi no segundo ano de faculdade, em 2005, quando fui fazer minha primeira prática supervisionada em um Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS), em Santo André. (Para saber mais sobre essa instituição clique aqui)
No início fiquei amedrontada e sem saber como agir, nem ao banheiro eu conseguia ir sozinha. Eu me assustava com as pessoas e com o lugar. Depois fui estudando e aprendendo e percebi o quão importante é a saúde mental, independente da área que você escolher. Hoje dou risada dessa história.
Acredito que, independente do caminho que escolher, o profissional deve trazer elementos da saúde mental para a sua atuação, mesmo que essa área seja a reabilitação física. As áreas estão entrelaçadas e durante o processo de reabilitação em algum momento a saúde mental aparecerá.
Qual a sua maior dificuldade como terapeuta ocupacional, tanto na relação com o paciente quanto com a instituição e os trabalhos?
A maior dificuldade que enfrento no dia a dia é com relação ao desconhecimento da profissão. Como grande parte das pessoas associa a Terapia Ocupacional à ocupação despreocupada do tempo, sempre é necessário explicar o que eu faço e o porquê.
Mas mesmo considerando isso uma dificuldade, acredito que é ao mesmo tempo um grande desafio para todo terapeuta ocupacional.
Para explicar para as pessoas o que fazemos, e o contexto de cada atividade terapêutica, é necessário refletir sobre a nossa prática, o que nem sempre é possível, principalmente quando estamos inseridos em grandes instituições.
Como é seu dia a dia, com relação ao seu trabalho?
Atendo muitos idosos e seus familiares, tanto no consultório quanto em domicilio.
A agenda é lotada, sem folgas, mas é muito legal. Adoro atender, então tudo fica mais fácil. Mesmo com a correria dos atendimentos, e dos deslocamentos por São Paulo, consigo pensar em cada pessoa e família, o que me faz ter mais vontade de trabalhar.
Mesmo quando estamos com pessoas que têm a mesma doença, como o Alzheimer, o atendimento e as orientações são individualizados. Cada caso e família são de um jeito, o que representa desafios diários.
Relate um pouco sobre a sua visão sobre a Terapia Ocupacional.
Essa é uma pergunta bem genérica. Mas se eu for escolher algo positivo e outro negativo para falar sobre a profissão eu diria que positivamente temos o crescimento dela aqui no Brasil.
Cada vez mais a Terapia Ocupacional vem aparecendo nas mídias sociais e nos diversos meios de comunicação, e isso ajuda muito na divulgação da profissão.
As pessoas, quando já ouviram falar alguma coisa sobre ela, não sabem muito bem o que esses profissionais fazem, e quando são esclarecidas simplesmente acham o máximo. Compreendem a inserção e a importância desse trabalho na saúde, e levantam a bandeira em defesa da profissão.
Considero como ruim para a Terapia Ocupacional a resistência dos profissionais em definir de forma simples e resumida o que fazem.
Os terapeutas ocupacionais têm dificuldade para definir seu trabalho, e quando o fazem, na grande maioria das vezes, é por meio de exemplos, como quando falamos com crianças.
Já ouvi diversas justificativas para isso, desde profissionais que acham que toda definição deve incluir palavras como “processo”, “subjetividade” e “sujeito” (conceitos específicos da profissão), até profissionais que não sabem como definir a Terapia Ocupacional e apelam para a famosa definição do bem estar biopsicossocial, ou de qualidade de vida.
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